domingo, 23 de dezembro de 2018

Exames Complementares - hemograma, coagulação e enzimas cardíacas

       Depois de um grande período sem postar, retorno as atividades desse blog com uma postagem interessantíssima para aqueles que intencionam trabalhar em ambiente hospitalar: interpretação de exames complementares.

Neste primeiro post trago a interpretação do hemograma, de duas medidas do coagulograma e de enzimas cardíacas.

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Coagulograma, hemograma e enzimas cardíacas




Como o blog é feito por um fisioterapeuta e para fisioterapeutas e acadêmicos da fisioterapia, intenciono que o material aqui escrito seja correlacionado com a prática clínica, então tratarei de medidas laboratoriais que considerar mais importantes para nossa terapia!

Coagulograma - nome dado ao exame de sangue que mensura a coagulação sanguínea, sendo composto por TTPA, PTT e INR. Aqui abordaremos somente o INR, por ser a medida mais fidedigna em associação com a plaquetopenia.

  • RNI ou INR - é o valor proporcional entre o TAP (tempo de atividade da protrombina, uma medida de coagulação) do paciente e o TAP padrão do ISI.
  • INR = TAP do paciente/ TAP padrão;
Valores de referência:

Coagulação normal - 0,8 a 1
Valor terapêutico (profilaxia de trombose ou pré-cirúrgica): 2 a 3

Valores aumentados: uso de anticoagulantes ou deficiência em um dos fatores de coagulação.
Implicação terapêutica: Em pacientes com INR alargado ou aumentado há maior risco de sangramento e nesse caso, a terapia preferencialmente deve ser realizada com exercícios leves e sem carga.

Hemoglobina 

Hemoglobina é o principal componente das hemácias, sendo constituída de uma parte proteica, a globina, e de uma parte heme, composta de ferro e porfirina, que confere a coloração vermelha ao sangue.

Dentre as diversas funções da hemoglobina está o transporte de oxigênio e CO2 pelos sistemas circulatório e cardiopulmonar. Sua relevância na terapia está associada à sua diminuição, que pode ocasionar fraqueza e em casos mais severos, dessaturação e dispneia não reversível com oxigenoterapia.

Interações - cefaléia, vertigem, fadiga, falta de concentração, taquicardia, unhas, pele e gengiva pálidas.

Valores de referência 

Homens - 14 a 18g/dL;
Mulheres - 12 a 16g/dL;
Crianças - 11,5 a 13,5 g/dL;
Grávidas: 11g/dL;
Aumento dos valores - mais comum na desidratação grave, no empiema pulmonar e no paciente enfisematoso, é chamado de policitemia. Um exemplo de policitemia patológica é chamada de policitemia vera e é mais comum nos judeus ashkenazi.

Diminuição dos valores - é chamada de anemia.

Leucócitos

Série branca sanguínea, também chamados de glóbulos brancos, se subdividem em neutrófilos (segmentados, bastonetes), linfócitos e eosinófilos.

Leucocitose - é o nome dado ao aumento dos leucócitos, que geralmente ocorre em infecções bacterianas, choque hemorrágico e neoplasias;
Leucopenia - processos infecciosos virais, transplante de medula, terminalidade;

Neutrófilos 

Células brancas do sangue que representam a primeira linha de defesa do organismo.
São células maduras e os leucócitos mais numerosos, se subdividem em segmentados (maduros) e bastonetes (células jovens).

Os neutrófilos jovens se chamam bastonetes e representam apenas cerca de 4% a 5% dos neutrófilos circulantes. Em casos de processo inflamatório grave pode ocorrer o fenômeno conhecido como desvio à esquerda, que consiste no aumento dos bastonetes na contagem sérica.

Por outro lado, as células neutrofílicas maduras são responsáveis pela fagocitose de agentes invasores, os segmentados, compõem cerca de 60% a 65% dos leucócitos totais e o seu aumento é raro, mas quando ocorre, leva o nome de desvio à direita. Tal fenômeno é  mais comum na melhora de processos infecciosos, quando a concentração de células maduras prevalecem em maioria.

Linfócitos

Os linfócitos representam o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos, representando de 15% a 45% dos leucócitos séricos. Atuam como defensora do corpo, sinalizando corpos estranhos e ativando outras células de defesa.

Possuem três variações: linfócitos B e Natural Killer (ambos produzidos pela medula óssea) e linfócitos T (produzidos pelo timo e são alvo do ataque viral em infecções por HIV).


Linfocitose - processos agudos (gripe, virose), infecções crônicas (tuberculose), leucemia linfóide, afecção do sistema linfática (amigdalites, por exemplo).

Linfopenia - processos agudos de infecções, cirrose hepática, caquexia, pós-tireoidectomia, uso de quimioterapias, neoplasias e terminalidade.


Plaquetas - São metamielócitos que participam diretamente da cascata de coagulação e sua diminuição está associada a maior risco de sangramento.

Valor de referência: 150mil a 450mil mm³/mMol

Enzimas cardíacas

Peptídeo natriurético B - uma proteína presente no cérebro humano, porém é mais abundante nos ventrículos cardíacos (sendo secretado principalmente em resposta à pré-carga aumentada, como resultado da elevação da pressão ventricular). 
Em condições patológicas, tem sua síntese aumentada nos miócitos cardíacos, de forma que os níveis plasmáticos se igualam ou superam àqueles do ANP (peptídeo natriurético atrial), servindo, desta forma, como importante marcador bioquímico para hipertrofia ventricular, IAM e ICC.

Valores de referência: 
  • <125 pg/mL idade 0-74 anos;
  • <450 pg/mL idade 75-99 anos;
Em casos de cardiopatias:
  • >450 pg/mL pacientes <50 anos;
  • >900 pg/mL pacientes com idade igual ou maior que 50 anos;


Creatinofosfoquinase (CPK);


A CPK é uma enzima de origem muscular, oriunda do tecido musculo-esquelético, no miocárdio e no cérebro, importante para o diagnóstico bioquímico de infarto agudo do miocárdio. 
Essa enzima eleva-se de 4 a 6 horas após o episódio agudo e mantém-se no pico em 36h desde o incidente, voltando ao normal após o quarto ou quinto dia.

Valores aumentados: IAM, lesões cardíacas, AVE, TEP, neoplasias de próstata, vesícula e trato GI.

Creatinocinase - CK

A CK é uma isoenzima da creatinocinase, composta de duas subunidades B (brain), M (muscle), formando três isoenzimas:

CK-BB (CK-1): encontrada no cérebro é rápida e rara no sangue;
CK-MB (CK-2): encontrada no miocárdio, é intermediária e auxilia na determinação da extensão do infarto;
CK -MM (CK-3): encontrada no músculo esquelético, é lenta, aumentada no sangue por dano e distrofia muscular, podendo estar aumentada pós-exercício;

Valores de referência: até 25 UI/L


Troponina I

Complexo proteico regulador de contração muscular associado ao filamento de actina dentro das células musculares. Se rompe por danos miocárdicos.
É liberada na circulação sanguínea cerca de 4 a 6 horas após dano cardíaco.

Valores aumentados: IAM
Valor de referência - até 2 wg/L



E por fim, encerro esta postagem lembrando da importância de se verificar os exames laboratoriais de pacientes internados sempre que possível para melhor guiar a terapêutica com segurança!
Boas festas, feliz natal e um próspero ano novo!






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